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IMO: o adoçante que vem causando controvérsias no mercado

Publicado em 24.09.2025 |
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IMO: o adoçante que vem causando controvérsias no mercado
Por Larissa Ludwig, nutricionista e fundadora da Cookoa

Você já ouviu falar do IMO (isomalto-oligossacarídeo)? Ele é a “novidade” do momento que está substituindo os polióis em diversas formulações por aí. Trata-se de um carboidrato que vem sendo comercializado como “fibra alimentar” e muito usado como substituto do açúcar. Nos rótulos, aparece sob nomes como fibra de tapioca, fibra de milho ou simplesmente isomalto-oligossacarídeo. Mas, afinal, ele é realmente uma fibra?


A promessa x a realidade
O IMO foi promovido como uma alternativa com baixo impacto glicêmico, ideal para quem busca reduzir o consumo de açúcar. Porém, recentemente consumidores do suposto adoçante relataram que a promessa de baixo índice glicêmico deste produto é falsa, uma vez que tiveram suba considerável das suas glicemias após o consumo. Esses casos levaram inclusive a uma interdição cautelar de venda emitida em 2024 pela Anvisa contra a empresa que fez a fama do tal adoçante.

Desde 2018, a ANVISA nega que o IMO seja declarado como fibra alimentar, pois não atende aos critérios técnicos de uma fibra: ser resistente à digestão e absorção no intestino delgado, conforme definido pela Resolução RDC nº 54/2012 e pelo Codex Alimentarius. Tanto a legislação nacional quanto o Codex exigem que fibras sejam carboidratos não digeríveis no intestino delgado, critério que o IMO não preenche na maioria dos casos. 

Isso significa que o IMO pode aumentar a glicemia, principalmente para pessoas com diabetes tipo 1 e tipo 2, já que parte desses carboidratos é absorvida e influencia a resposta dos níveis de açúcar no sangue. 

“Ah, mas estão dizendo que depende do fabricante do IMO, nem todos são iguais em seus efeitos glicêmicos.” Correto! E por que a digestibilidade do IMO varia tanto? A composição do IMO muda de acordo com o processo produtivo de cada fabricante. Ele pode conter diferentes tamanhos de oligossacarídeos e outros carboidratos, o que afeta quanto ele será absorvido ou fermentado pelo organismo. Essa variabilidade explica as diferenças nos rótulos e nos efeitos clínicos relatados. 

Por isso, é fundamental que haja rigor técnico e regulação para proteger o consumidor e garantir a qualidade do produto. Por isso, na dúvida, é melhor não arriscar, inclusive para o público diabético, pelo menos enquanto não houver maiores esclarecimentos técnicos e nutricionais sobre esse “novo milagre”.


Efeitos colaterais e desconfortos
Outro ponto: o consumo de IMO em doses superiores a 10 g por dia está associado, segundo a literatura, a desconfortos gastrointestinais, como gases, inchaço abdominal e diarreia. Esses sintomas resultam da fermentação do IMO pelas bactérias intestinais, padrão também observado com outros oligossacarídeos parcialmente digeridos. Portanto, a substituição total do açúcar pelo IMO em formulações e receitas pode impactar tanto a glicemia quanto o funcionamento intestinal. 

Nossa experiência na Cookoa
Em 2024, utilizamos o IMO no nosso chocolate Cremoso Zero Açúcar. Contudo, diante das descobertas e inconsistências das fichas técnicas da empresa que nos ofereceu o IMO, decidimos suspender imediatamente o uso dele em nossa linha para garantir a segurança e qualidade do que entregamos a nossos consumidores. Porque aqui não vivemos de fatos, independentemente do hype.

Notas Finais: o que considerar na escolha de adoçantes?
Nem todo adoçante “zero açúcar” é inofensivo. Muitas vezes, eles há um exagero de quantidade ou uma combinação desnecessária de polióis (como maltitol, xilitol e sorbitol) e fibras artificiais (como polidextrose, fibras modificadas e o próprio IMO). Em excesso, esses ingredientes podem gerar desconforto gastrointestinal e alterar a microbiota intestinal. Sem contar que o maltitol, por exemplo, amplamente utilizado em produtos diet pode, sim, elevar a glicemia, constituindo risco para pessoas diabéticas. O maior perigo está na falsa sensação de segurança que o termo “zero açúcar” provoca, levando ao consumo exagerado e aos efeitos colaterais associados. 


A escolha Cookoa: sabor autêntico, ciência e saúde
Na Cookoa, acreditamos que adoçantes devem ser reservados apenas a casos específicos e que o equilíbrio no consumo de açúcar é a chave para quem não possui comorbidades ou compulsões. Por aqui, somos fã do açúcar de coco, o qual tem IG parecido com o próprio maltitol e confere um sabor excelente aos nossos chocolates.

Contudo, visando incluir e atender a todos os públicos, sabemos da importância de receitas (verdadeiramente) sem adição de açúcares. Portanto, após muito estudo, desenvolvemos uma combinação comprovada e segura para adoçar nossos chocolates zero: inulina, fibra solúvel para encorpar, e estévia para adoçar. Essa dupla mantém o dulçor sem comprometer a saúde metabólica ou intestinal, além de ser respaldada por estudos científicos e com melhor tolerabilidade para o consumidor. Falaremos mais sobre em um próximo artigo, até mais! 


Referências

  • Codex Alimentarius Commission. Proposals for a Definition and Methods of Analysis for Dietary Fibre Content [Internet]. CAC/GL 2-1985 (Rev. 1-1993).fao
  • ANVISA. Perguntas e Respostas sobre Informação Nutricional Complementar, RDC nº 54/2012.antigo.anvisa
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