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A maior crise já vista – o que aconteceu com o cacau?

Publicado em 26.03.2025 |
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Você percebeu que quase tudo o que amávamos saborear na infância está mais caro e muito menos saboroso? Pois é. E é isso mesmo, principalmente no caso dos chocolates. E no caso deles, não é apenas por que os fabricantes querem aumentar suas margens, tem um problema maior vindo à tona. No último ano, o cacau, matéria prima do chocolate disparou de preço na bolsa de valores, trazendo ao mundo a maior crise dos últimos tempos. 

Bem, para começar, existe mais de um tipo de cacau, o cacau fino, por exemplo é que se usa na Cookoa, e o cacau commodity é utilizado em pelo menos 95% dos chocolates convencionais no mundo todo (leia mais aqui). As commodities são insumos pouco processados ou em estado bruto que possuem características semelhantes independente do produtor, como trigo, milho, arroz, açúcar etc. Os preços das commodities variam diariamente e são definidos pela lei de oferta e demanda. Assim, quando há pequena quantidade no mercado, os preços aumentam e vice-versa. 

E por que há menos oferta? Desde 2022, as safras de cacau a nível global tiveram uma perda de quase 750 milhões de quilos, isso seria praticamente cerca de 15 bilhões de barras de chocolate. Já são três temporadas consecutivas de déficit na produção mundial de cacau. Confira as causas:


Problemas Climáticos:
Condições climáticas adversas, o desequilíbrio entre calor extremo (secas) e excesso de chuvas têm afetado as plantações de cacau no mundo inteiro, especialmente no oeste da África, que responde por cerca de 70% da produção global.   Para piorar, a chuva sem trégua, causa um aumento da umidade relativa do ar, o que propicia o aparecimento de doenças nas plantas de cacau. Um exemplo é a podridão parda, causada por um fungo, que deixa o fruto com um cheiro característico de peixe. O cerne do problema climático mora na forma inadequada do plantio de cacau? Sim, mas se soma ao mal comportamento humano em todos os níveis, da cadeia produtiva exploratória ao consumismo desenfreado e irresponsável.

Questões Socioeconômicas e Ambientais:
Os agricultores estão há anos presos a um ciclo de pobreza ligado a questões sociais e ambientais, que incluem, trabalho análogo à escravidão, trabalho infantil, desmatamento e perda de biodiversidade (fauna e flora). O agricultor está desestimulado, pois até pouco tempo antes de estourar a crise, os ganhos não estavam pagando os custos, ou seja, o cacau era subvalorizado. Isso culminou no esgotamento da cultura cacaueira nessas regiões altamente demandadas, tanto pela incapacidade de investir em práticas agrícolas mais sustentáveis e menos antiquadas, quanto pela desmotivação dos produtores e empregados a ponto de abandonarem suas lavouras.

Os resultados, portanto, dessa baixa oferta é de uma suba estratosférica sem precedentes no preço do quilo dessa commodity. O que antes custava ‘x’ foi para ‘4x’. Mas e o cacau da Cookoa? não é o fino? Sim! Porém o cacau fino, além de ser de 2 a 3x mais caro, tem o seu preço baseado no cacau commodity. Portanto, fomos tão, ou mais, afetados do que o mercado de chocolates convencionais. 

Por isso, toda vez que você for comer aquele chocolate nostálgico que costumava ser mais barato e muito gostoso, poderá ter grandes decepções, pois para reduzir o percentual de cacau muitos fabricantes estão utilizando ainda mais açúcar (ou adoçante), aromatizantes, gorduras vegetais substitutas e outros ingredientes barateadores. Em contrapartida, nós produtores bean-to-bar, continuamos com a mesma qualidade das composições, nossa alternativa, no entanto, tem sido, trazer formatos que tragam novos protagonistas, como frutas e oleaginosas ou reduzir o tamanho de alguns produtos em no máximo 10%, percentual que está longe de compensar a alta dos nossos custos.

CK  destaque blog

Redigido por:

Larissa Ludwig da Silveira
nutricionista (CRN SC 6986)
co-fundadora da Cookoa Chocolates

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